ADVERTÊNCIA - Amorim justifica insistência do País em negociação
BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, advertiu ontem que o enriquecimento de urânio a 80% é uma violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e qualquer menção sobre o tema não seria uma atitude construtiva. Esse ponto de vista foi apresentado pelo chanceler ao final de um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Carl Bildt, após ser questionado sobre a declaração do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de que seu país tem capacidade para enriquecer urânio a 20% ou 80%.
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Amorim repetiu três vezes que "lamentaria" uma decisão nessa linha por parte do Irã, mas teve o cuidado de acrescentar que, até aquele momento, não havia "lido" as notícias sobre Teerã. Mais adiante, Amorim admitiu que o tema causa preocupação. "Todos nós estamos preocupados. Eu também estava muito preocupado com o Iraque (antes do início da guerra, em 2003) e fiquei mais preocupado depois", insistiu. "Fico preocupado também em encontrar o caminho certo."
Claramente nervoso com a notícia, Amorim manteve cautela diante dos jornalistas e declarou que não poderia adiantar nada sobre eventuais discussões sobre sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã - apoiadas pelos membros permanentes, exceto a China - ou sobre o processo de negociação de um acordo. O chanceler alegou que precisaria antes saber se a declaração de Ahmadinejad foi "retórica" ou "um arroubo".
"Não sei o que foi dito nem como foi dito. Evidentemente, enriquecer (urânio) a 80% será uma violação ao TNP", afirmou. "Acho até que falar nisso, embora não seja proibido, não é produtivo", completou o chanceler.
Apesar de afirmar que, em sua opinião, deve haver um "limite" nesse imbróglio nuclear que opõe o Irã ao Ocidente, Amorim insistiu que é preciso fazer um "esforço" de diálogo em prol de uma "solução pacífica".
Pelo segundo dia consecutivo, o chanceler sugeriu que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) convoque os negociadores iranianos para dar explicações sobre as recentes declarações de Ahmadinejad e de outras autoridades do país, que causaram reações no exterior.
JUSTIFICATIVA
Em uma atitude defensiva, Amorim justificou a insistência do governo brasileiro pela via da negociação, em um momento em que cinco das seis das potências nucleares estão convencidas de que a imposição de sanções é o único meio de forçar o Irã a retomar o diálogo sobre o acordo de troca de urânio enriquecido a 3% por combustível nuclear, intermediado pela AIEA. O chanceler argumentou que a preocupação do Brasil é idêntica à dessas potências - a garantia de que não haverá proliferação de armas atômicas.
"Quando dizem que nós não deveríamos entrar (na questão), que isso é uma confusão, uma saia-justa, essas pessoas se esquecem que o mundo é um só e, se houver um problema grave no Irã, pode haver uma série de efeitos, desde o aumento do preço do petróleo até uma catástrofe humana, como ocorreu no Iraque antes da guerra", ponderou.
PRECAUÇÃO
Celso Amorim
Chanceler brasileiro "Todos estamos preocupados.
Eu também estava muito preocupado com o Iraque (antes do início da guerra, em 2003) e fiquei mais preocupado depois"
"Não sei o que foi dito nem como foi dito. Evidentemente, enriquecer (urânio) a 80% será uma violação ao TNP"
"Acho até que falar nisso, embora não seja proibido, não é produtivo"
Fonte: Estadão
BRASÍLIA
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, advertiu ontem que o enriquecimento de urânio a 80% é uma violação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e qualquer menção sobre o tema não seria uma atitude construtiva. Esse ponto de vista foi apresentado pelo chanceler ao final de um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Carl Bildt, após ser questionado sobre a declaração do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de que seu país tem capacidade para enriquecer urânio a 20% ou 80%.
Impasse nuclear:
Brasil pode mudar de posição a favor de sanções ao Irã
Casa Branca acusa Irã de blefar sobre sua capacidade nuclear
Irã é um Estado nuclear, diz Ahmadinejad no dia da revolução
Paciência do Ocidente com o Irã está acabando, alerta Brown
Amorim repetiu três vezes que "lamentaria" uma decisão nessa linha por parte do Irã, mas teve o cuidado de acrescentar que, até aquele momento, não havia "lido" as notícias sobre Teerã. Mais adiante, Amorim admitiu que o tema causa preocupação. "Todos nós estamos preocupados. Eu também estava muito preocupado com o Iraque (antes do início da guerra, em 2003) e fiquei mais preocupado depois", insistiu. "Fico preocupado também em encontrar o caminho certo."
Claramente nervoso com a notícia, Amorim manteve cautela diante dos jornalistas e declarou que não poderia adiantar nada sobre eventuais discussões sobre sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã - apoiadas pelos membros permanentes, exceto a China - ou sobre o processo de negociação de um acordo. O chanceler alegou que precisaria antes saber se a declaração de Ahmadinejad foi "retórica" ou "um arroubo".
"Não sei o que foi dito nem como foi dito. Evidentemente, enriquecer (urânio) a 80% será uma violação ao TNP", afirmou. "Acho até que falar nisso, embora não seja proibido, não é produtivo", completou o chanceler.
Apesar de afirmar que, em sua opinião, deve haver um "limite" nesse imbróglio nuclear que opõe o Irã ao Ocidente, Amorim insistiu que é preciso fazer um "esforço" de diálogo em prol de uma "solução pacífica".
Pelo segundo dia consecutivo, o chanceler sugeriu que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) convoque os negociadores iranianos para dar explicações sobre as recentes declarações de Ahmadinejad e de outras autoridades do país, que causaram reações no exterior.
JUSTIFICATIVA
Em uma atitude defensiva, Amorim justificou a insistência do governo brasileiro pela via da negociação, em um momento em que cinco das seis das potências nucleares estão convencidas de que a imposição de sanções é o único meio de forçar o Irã a retomar o diálogo sobre o acordo de troca de urânio enriquecido a 3% por combustível nuclear, intermediado pela AIEA. O chanceler argumentou que a preocupação do Brasil é idêntica à dessas potências - a garantia de que não haverá proliferação de armas atômicas.
"Quando dizem que nós não deveríamos entrar (na questão), que isso é uma confusão, uma saia-justa, essas pessoas se esquecem que o mundo é um só e, se houver um problema grave no Irã, pode haver uma série de efeitos, desde o aumento do preço do petróleo até uma catástrofe humana, como ocorreu no Iraque antes da guerra", ponderou.
PRECAUÇÃO
Celso Amorim
Chanceler brasileiro "Todos estamos preocupados.
Eu também estava muito preocupado com o Iraque (antes do início da guerra, em 2003) e fiquei mais preocupado depois"
"Não sei o que foi dito nem como foi dito. Evidentemente, enriquecer (urânio) a 80% será uma violação ao TNP"
"Acho até que falar nisso, embora não seja proibido, não é produtivo"
Fonte: Estadão
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