O ministro das Relações Exteriores Celso Amorim afirmou nesta segunda-feira em Paris que o Haiti precisa de "financiamento, mas também de mercados" para deixar para trás seu "problema de segurança alimentar", dias depois de propor em Davos uma "tarifa zero" para os produtos haitianos.
"O Haiti não pode depender eternamente de ajuda. Precisa de muita ajuda e precisará por muito tempo, mas também precisa que a economia se estruture por conta própria - e, para isso, é necessário ter mercados", disse Amorim, após uma reunião com a diretora geral da UNESCO, Irina Bokova.
Durante sua participação no Fórum Econômico de Davos (Suíça), Amorim pediu na última quinta-feira a todos os países do mundo em condições de fazê-lo que reduzam a zero suas tarifas de importação para produtos do Haiti durante 15 a 20 anos.
"Acho (a proposta) que teve uma boa recepção, pelo menos do diretor geral da OMC (Pascal Lamy). Ele se interessou muito e me pediu que a repetisse na reunião que tivemos entre os ministros de Comércio", respondeu Amorim.
"Agora teremos que ver como" isso será feito, acrescentou o chanceler brasileiro, afirmando que o Haiti "era um país autossuficiente" na produção de arroz até aplicar "políticas macroeconômicas ditadas por organismos internacionais", que levaram o Haiti a "importar arroz subsidiado não sei de quem", o que acabou com a produção do pequeno país.
Amorim ponderou que "era outra época, agora as coisas mudaram", mas destacou que "hoje, o Haiti tem um problema de segurança alimentar".
O ministro brasileiro, que também lembrou que a última crise política no Haiti antes do terremoto de 12 de janeiro foi provocada justamente por uma crise alimentar causada por uma alta dos preços das matérias-primas e dos produtos básicos, entre eles o arroz.
Protestos da população em abril de 2008 deixaram cinco mortos e 200 feridos, levando à queda do então primeiro-ministro haitiano, Jacques Alexis.
Fonte: UOL
01 fevereiro 2010
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